sexta-feira, março 10, 2023
elis
Que sociedade excluí?
É que o padrão não conflui
Á beleza do meu jeito?!
Nos dizem que é imperfeito
E que somos indevidas...
Somos mulheres paridas
Que aos filhxs têm nutrido
E se o peito está caído
É que ergueu umas vidas
Não troco minhas "mochilas"
Pelos "melões" de ninguém
Cada um sabe o que tem
Quer saber? Entre na fila
E se peito em pé desfila
O que é sorvido se explode
Deseja, ama e fode
Nutre, acalenta, protege
Valente do amor que rege
Não pode não? Por que "mode"?!
Que se dane o que é "mostrável"
Exibível, desejável...
Te agride o não-padrão?
Você evita o olhar?
Imagina o que não há
Para poder ter tesão?...
Coitado do safadão
"Sofrida a vida do crente"
Faz "linha pai", é ausente
Sábio, intelectual
Um trabalhador braçal
Posta músculos pra gente
Se a barriga é "deformada"
Feito professaste um dia
Compreenda a poesia
É por que já foi morada.
Faz que é nosso camarada
Mas acredita hororoso
Um ninho misterioso
Acalentador de um feto
Que precisou de afeto
E de um teto fabuloso
Enquanto a gente paria
Você vibrava outro peito
Nem a cicatriz direito
Deixou que ficasse fria
O verso e a poesia
Noutro endereço o confeito
E a outra escreveu com jeito
Nem indireto ou lacônico:
"Sou um eterno platônico
Penso em ti todo dia"
Enquanto isso, eu me via
Um portal que conseguiu
Plena do que se seguiu
Com um rebento no peito
Mas você não tinha jeito
Nem verso nem comoção
Faltou-nos na gestação
Não há como ser desfeito
Prosseguimos desse jeito
Mas a mágoa obstruiu
Não só o peito caiu
Com as sobrecargas no peito
Culpa de ter aceitado
Tudo o que verso em refrão
Resiliência, perdão
Bom e ruim foi abraçado
Agora o joio em qual lado?
Falta encontrar esse fim
E já não tiro por mim
Não tenho resposta pronta
Parece chegou a conta
Gatilho ficou assim
Tentar ter os pés no chão
Tentar tudo a cada passo
Não tentar, minguar compasso
Ficar de novo sem chão...
Eterna lamentação
Irmã, procura lutar
Quem aguenta escutar?
Nem amiga aguenta não
"Deixa esse caba do cão
Passa a te valorizar"
Rusgas, cicatriz no reto
Flacidez, diáse, estria...
É por que guardou a fia
"Por ter carregado um feto"
Meu amigo, fique esperto
Não seja tão imbecil
Essa tua fala hostil
Tu acha mesmo correto?!
Stalkear as meninas...
Os tesouros, as rotinas
Em um espelho incompleto
É Hipocrisia fina
Dizer o que quer dizer
Entre os macho, há de saber...
"Parceiro"- não recrimina
Quero ver dizer às minas
As asneiras que tu dizes
Venha dizer às nutrizes
O que por trás tens falado
Fica feio pro teu lado
Tu pode ser cancelado
Sabe a força feminina?
Machucou profundamente
Teu machismo indecente
Na Hipocrisia escondido
Bancando o evoluido
Doutorando, pos-doutor
Pois faça ao mundo um favor
Aprenda a honrar seu cacho
Se ligue, ô esquerdomacho
Teu discurso é um horror
Tu também saiu por baixo
Do ventre de uma mulher
Resteita mamãe, na fé..
Deixa do teu esculhacho
Contempla a nossa rotina
Se dispõe a aprender
Pra poder algo tecer
Vou sentir ódio de mim?
Vou querer me multilar?
Cortar meu corpo, rasgar?
Por que sou o que é "ruim"?
Quem decretou que é assim?
Que tem que haver padrão?
Vai te danar, canastrão
No teatro eu sou versada
E mentira deslavada
Percebo logo, irmão
Quem disse que é assim
Que é como vc diz?
Que pra me sentir feliz
Tenho que me encaixar
Cortar e siliconar
Padronizar o meu ser
Quero o gosto de viver
Fluir e me expressar
É uma ode a magreza
Beleza plastificada
Também não ser desbundada
"Descuidada" da beleza
Se raspe, pinte, depile
Realce, cace, compile
"Traços negroides afile"
"Não pode ser desleixada"
"Feche as pernas", agora abra
Faca pra mim a dancinha
Besteira ser enganada
"Posso te dar uma calcinha?"
- igual a da Ercilinha?
" Não exponha, fique calada"
Eu vou te comer, safada
Seja a minha putinha...
Mas puta é mais 5000
"Porém vc é só minha"
É o linho e a linha
É a paz que vem na guerra
Pega tudo isso e enterra
Para não ficar sozinha...
Se permita ser xingada
E de leve enganada
Vc aprende, gatinha
Ser corna mansa é aposta
Engula a conversa bosta
E Procure andar na linha
Mas se dele a despedida?
"Vá viver a sua vida
Diz o dito popular:
Quem cuida da vida alheia
Da sua não pode cuidar.
E se o peito está caído
Já te livrou de um marido
Amém, axé, oxalá!
terça-feira, agosto 23, 2022
Janice Japiassu
Pedrinha, miudinha
Pedrinha de Aruanda aê
Lajedo tão grande
Tão grande de Aruanda aê
Janice, parece Clenice
Clenice minha mãe...
Janice se encantou
Um dia após meu aniversário
Dia 20 de maio
No ano que minha mãe
Também se encantou
2019
Japiassu, feito uma ave,
Um sanhaçu...
Uma passarinha,
uma sibita...
Janice, feito algo
que já nasce bom
Sertaneja feito minhas raízes
Sertaneja feito minha infância
Uma conterrânea, terras irmãs
São José e Monteiro
Pinto e Louro eternizaram esse casamento
Janice bate minha porta
Uma pedra de sal
Mareja a face
Quanta conexão
Poeta sertaneja, artista plástica, compositora...
Me vejo nascendo em Janice
Janice nascendo em mim
Clenice que me pariu
Janice sobre essa pedra
Em Aruanda uma conversa escapa,
E parece me encontrar
As duas mandando recados
Tomando um chá de eternidade
Devo cantar essas Eguns bonitas
De nomes parecidos
De parecidas lidas
Clenice parece com Janice
Mesmo sufixo
Nesse reflexo
Uma rima
Me deixo nesse círculo
Me debruço nessas garotas
Me acho nessas esquinas
Minha poesia se apoia
Nessas pedras, pequenina,
Se alicerça
E enraizo,
pra que cresça
Clenice, Janice
Janice, Clenice...
Um eco de água entre as pedras..
Minhas ancestrais.
quarta-feira, junho 01, 2022
Funilaria Martin
Funilaria Martin
Chegamos cá de mudança
Vamos daqui pr’outro chão
No corcel nosso cavalo
Galopante de invenção
Correndo atrás da história
Com a história na mão
Viemos cá galopando
O carro é nosso corcel
Feito um cavalo de fogo
Das profundezas do céu
Doce azul da mãe de cristo
Cristalino feito mel
Nos vermelhos dos caminhos,
Barreados e tingidos,
Protegidos pelos santos,
No amor dos tempos vividos
De tudo o que contemplamos
Estamos abastecidos.
Nos milagres ascendidos
Nos silêncios na estrada
Parando a gente dialoga
Da maneira mais sagrada
Reinventando a história
Com poesia cantada.
Pelas estradas que fluem
Saltam paisagens verdosas
E vacas pastando céu
Azul, e verde babosa
Parece um sertão bonito
Da cor de Guimarães rosa.
Lu
Achamos até que enfim
O canto tão procurado
Aqui é o recomeço
Do nosso sopro sagrado
Mas pra chegar no agora
Caminho já foi andado
Jaboticaba, janela
Batom, criança, costura,
Cachorro, velha, tijolo,
Realidade e loucura,
Cata-vento, Lua e Sol,
Terra, verde, aventura
Dinheiro pouco, boneco
fábrica, posto, visão
Pano na mala, teatro
Silêncio, rádio, amplidão
Dívida de pai pra filho
Escritura da missão
Cachaça, doce Avenida,
Arco-íris e cordel,
Dinheiro que nem servia
Mas que chegou no chapéu
Sumindo por conta própria
Pois nosso olhar tá no Céu
Na dança dos malabares
No fluir da bailarina
Na pintura do palhaço
No sorriso da menina
No som das palmas contentes
Nas cores da nossa sina
Mambembando pela vida
Mais fantoche do que gente
encontramo outra boneca
na freqüência do repente
cantando no violão
oferecendo o presente
vampiro, brinco, leveza
sorriso, aperto de mão
beleza, sonho, surpresa
estrela na imensidão
sementes, flores, clareza
serpente, fogo, paixão
anaíra
Cá nesse corcel de vento
Tem uma estrada embutida
E em cada um passageiro
Uma estrela bem luzida
Que nos guia pela terra
Chegada, volta, e partida
Sendo essa a forma da vida
Traçamos nossa viagem
Querendo encontrar um canto
Que também é só passagem
Mas que guarda alguma graça
Desse campo de linguagem.
O carro tem engrenagem
Tao qual a vida e o trem
A gente está no sistema
É engrenagem também
Quando a gente entende isso
Consegue ir mais além.
É o caminho do bem
Da flor e do paraíso
Paraíso que é interno
E vem em tempo preciso
Não chega quando se quer
Mas quando aquieta o juízo.
E é por isso que eu friso
No mapa da oralidade
Que a pergunta e a resposta,
Moram na mesma cidade
Comem da mesma comida
Vivem da mesma vontade...
Pela sincronicidade
É que de fato se encontram
E aí, na plenitude,
É que as verdades brotam
Feito sementes doridas
Feito folias que saltam.
Diana pergunta a Paco:
– Não é melhor ir direto
Pra Milho Verde e deixar
Essa dívida a pagar?
– Diana, não é correto,
Se a dívida engabelar,
Não rumo caminho certo.
E sem ter o peito aberto
Não viajo sossegado.
Pagando fico tranqüilo,
Se não pago, sou cobrado,
Não pelo homem a quem devo
Mas pelo peito fechado.
E com esse carro assim,
Sem placa e sem pára-choque.
Não se vai a muito longe
Desse jeito “não dá rock”
É melhor ir até lá
Que arriscar o reboque.
E a gente ainda pode
Ir por aí arriscando
Parando pelas cidades
Ganhar dinheiro brincando
Que quando menos sonhar
A gente vai estar chegando.
Sem muito pensar no quando
Vamo embora sem demora
Que tudo que a gente pensa
Vira verdade uma hora
Com a benção de São Cristovão
Tamos protegido agora.
E o carro arranca na beira da estrada,
Sem placa, sem mapa, e sem pára-choque...
Diana e paco caminham sem norte,
Dali em um pouco dão uma parada.
É pouca a palavra, e longa a estrada
E faz-se o caminho com coisas pra ver...
Alerta, vermelho, quer abastecer...
Semelhante o carro, azul e solar,
Diana arregala o globo ocular
E afasta a cortina à flor do saber.
Atrás da janela do tempo correr
Tão calma paisagem do dia que cora
De linda criança, de bela senhora
De flor que se abre e alimenta o ser
De sol e de chuva da planta crescer
De amor de amora e de jabuticaba
De coisa que nasce e de coisa que acaba
De linha e costura, de flora e bordado
Da flor do aberto, da flor do guardado
Da cor do batom e da cor da goiaba.
Debaixo de uma jabuticabeira
Uma velha senhora, sentada, costura
Pequenos paninhos que a neta pendura
Naquele varal, toda companheira
Enquanto a avó fica ali na cadeira
E ensina a menina, se eleva o cenário
A cor, o carinho, a flor, o canário
O canto, o silêncio, e a paz celestina
A neta e a velha, a vó e a menina
A coisa mais bela da era de aquário.
(de quando chegam á ‘campina grande’, e encontram dona
Mabel)
Chegando a outra cidade
Colorida flor de graça
De um jardim de cata-ventos
Minha poesia se engraça
E soprando cria ventos
A onde o vento não passa.
Foi então naquele dia
Perto de uma usina velha
Num milagre de Miguel...
Num cenário cor-de-telha
Que encontrei outra rosa
Numa paisagem vermelha
Ali eu era uma abelha
Que encontrou sua musa
Na loucura de um Quixote
Que em sua trova profusa
Numa miração de pedra
Por onde passou medusa
Lá conheci uma deusa,
A Senhora Mãe do Vento,
Batendo as asas de Iris,
Na contemplação do invento,
Entendendo a liberdade
Das gentes, dos movimentos.
Com tantos ensinamentos
Pude expor para a platéia
(Um cachorro, a deusa, e paco)
A verdadeira colméia
E dos moinhos de vento
Não faltou a Dulcinéia.
Lu
(1ª parte)
A estrada é nossa morada
vivemo atrás de um lugar
Que ninguém sabe se existe
Ninguém nunca ouviu falar
A cidade é Tatuí
Você sabe onde encontrar?
Com a benção de são Cristóvão
Seguimos nesse Corcel
Eu sendo esse mamulengo
com meus versos de cordel
e meu par sendo o pai dele
que observa lá do Céu
Funilaria Martín
é o destino primeiro
é lá que tá o credor
de Paco, meu companheiro
Por isso rodamos tanto
Nesse carro aventureiro
Só que tem a gasolina
Que é preciso pr’ele andar
E isso custa dinheiro
Ainda mais quando não há
Sinal dessa Tatuí
Onde danado ela tá?
Depois é pra Milho Verde
O rumo da caminhada
E nas estradas, nos Céus,
Prosseguimos na jornada
Nos encontrando nos outros
Vivendo a vida sonhada
Da cortina da janela
Fui velha, uma criança
Varal, árvore, batom
É o tom da minha dança
Sou água de melancia
Repleta de esperança
Chegamos nessa cidade
Vazia e silenciosa
Pra enchê-la de emoção
Interpretando em glosa
a estória do presente
poetizando a prosa
E agora ao nos encontrar
Com a Senhora, Mãe do Vento
Mensageira como Íris
Doutora desse elemento
Pedimos só uma benção
De’um desses seus Cata-vento
-----------------X----------------------
(2ª parte)
Salve Salve Santa Rita
Salve povo encantador
Viemos contar estória
É esse o nosso valor
O Vento foi quem nos trouxe
Ele é o nosso professor
Saímos de muito longe
Vivemos na longa estrada
Procuramos Tatuí
Ô cidade procurada!
Só que ninguém sabe dela
Nem no mapa tá mostrada.
Tivemo em muita paragem
Nos vimos em todo canto
O carro é o nosso mocambo
Ele é um fiel recanto
Mas bebe um gás danado
Nos deixando sem um conto
Percorremos muitas léguas
Atrás de uma Funilaria
Martín é o nome dela
É ela a moradia
Do homem que o pai dele
Ficou devendo algum dia
Tamos indo lá pagar
Não sabemos bem o quê
Só que temos que ir saldar
A dívida de um outro ser
Para que meu companheiro
Possa tranqüilo viver
Olhados por São Cristóvão
Seguimos na travessia
Encontros encantadores
Perfumam a nossa via
Batom em mão de criança
Na boca de quem a guia
Vimos as asas de Íris
Aplaudir a nossa estória
Junto a Paco e um cachorro
Escutou nossa memória
Nos deu de presente Vento
Abençoou –nos de glória
Muitas Luas se passaram
Muitas águas, muito chão
Juntamos algum dinheiro
Mas ele mal paga um pão
E agora agradecemos
A todos a atenção
Nós saudamos essas águas
Essa terra, esse presente
As plantas, os animais
Saudamo a Lua Crescente!
Saudamos nosso Deus Sol
Nesses versos de repente
Catavento na janela
Prosseguiremos viagem
Nosso rumo é Milho Verde
Tatuí é só passagem
Suspeito ser Tatuí
Uma cidade miragem.
da genese - incompleto
ATO I
O COMEÇO
Pessoas aqui,
presentes
As graças deste lugar
Peço cá que cá escutem
A história que vou
contar
Pois não vem de tão
distante
É um recado do lunar.
E sentindo, a
transmutar
vôo unindo os
elementos
grito à água, vem a
chuva
tempestade, vem o
vento
cai na terra, nasce a
planta
pau que cresce, o fogo
invento
Tendo cada um elemento
a este enrredo evocado
nossa verdade é
completa
entre a coragem e o atado
pois enquanto estou
tecendo
me aproximo do sagrado
É a metafora do nado
de um peixe umbilical
criatura que broteja
ramando do milharal
herdado o sangue da
terra
nessa trasmissão natal
Corpo de carne vital
é matéria, um
instrumento
capaz de apreender
diante da coisa
invento
a essência limiar
numa brincancia de
vento
A pouco e a passo
lento
entre frestas de
outras portas
nasce a gente e logo
crescem
fome alimentando as
hortas
das sementes que
brotejam
e que pareciam mortas
Com a verdade que
corta
sai da urna o rico
bredo
milagreando a nascente
e o sol que acorda
cedo
da flora que vem tocar
com as luzes de seus
dedos.
cresceu um grande
arvoredo
junto das gentes
cresceu
mas as gentes não
sabiam
de onde tudo nasceu
somente desconfiavam
que cada qual era um
eu.
Fazia dias que o breu
Tinha invadido o céu
Encontrou sua morada
Nessa imensidão cruel
E se amigou de uma
nuvem
Que sempre lhe dava
mel
O escuro se subiu
E a poeira assentou
A gente não tinha asa
e da terra não voou
e foi um grande
mistério
Que a escuridão
carregou
Nesse tempo todo escuro
O urubu quem mandava
Chefe de todas as aves
Que lá de cima avistava
As gente daqui de
baixo
Em quem elas defecavam
Ato II
O MAU AGOURO
Boa noite dou ao povo
e ajuda eu peço ao
vento
pra falar do
sentimento
que cabe dentro do ovo
não é sentimento novo
é coisa velha e antiga
também cabe em cada
grão
da amarela espiga
é coisa que me intriga
e que aqui peço e
louvo
que a memória me siga
e me ajude enquanto
trovo
O tal fato ouvi de um
corvo
que cantou, agouro mal
Ele voava em contraste
com o sol do milharal
e partilhava o
mistério
da inteireza dual.
A cinza, o mel, o
cristal
o sopro das criaturas
a essência das
escrituras
e o caminho do tao
ninguém mais sabia
igual
só esse corvo sabia
a tudo ele conhecia
consciente do real
mas nesse quadro atual
não há real que se
sendo
que mesmo que
escondido
não acabe aparecendo
Cabeça negra mexendo
Em silêncio gorgeou
E o dia branco de sol
Logo em seguida geou
E o branco que era
gelo
Com o tempo degelou.
Conhecia, o corvo,
mitos
De antepassadas
culturas
Os mistérios infinitos
Almanaques e misturas
e partilhava dos ritos
das medicinas seguras
Serrita
Serrita
Uma benção passar por essa terra
Receber o carinho de vocês
Ilumina o caminho de nós três
Essa luz que aih não se encerra
Sobe monte, se estrada, corre serra
Nos dá força na volta pra cidade
Nos refaz o poder dessa amizade
Cada gesto, alimento de carinho
Pois aqui na fazenda salgueirinho
Encontramos muita amorosidade.
Exu/ Serrita, com Marina – dezembro de 2012
Voltando ao mapa da fome
Voltando ao mapa da fome
Geografia maldita
A que a escassez envolve
vazio o bucho revolve
fome que se reedita
cartografia esquisita
a de um povo que não come
enquanto o rico consome
o que quer, o que deseja
o pobre somente almeja
procura e logo lhe some
O Brasil tinha saído
mas já entrou novamente
e aquele despresidente
pode ser atribuído
um país acometido
por um desmonte imoral
se falta o essencial
pode saber que é por gosto
e essa corja tem rosto
são a face desse mal
Besta fera apocalíptica
corrói tudo feito praga
envenena, deixa a chaga
em sua anti-política
de fake faz sua mítica
mortifica e condena
volta a miséria pra cena
numa sordidez infame
queremos outro ditame
que refigure o poema
Alegre foi ter saído
daquela extrema pobreza
já se via mais beleza
de um tempo bem vivido
país melhor conduzido
tava num rumo melhor
mas voltamos ao pior
e ainda mais apurado
com um nazi chefe de Estado
pense num momento o ó
Recordo na minha infância
pela porta um: “Tem cumê”
coisa triste de se vê
miséria e mendicância
em paralelo à ganância
um projeto que tem nome
e enquanto o povo não come
o rico ostenta um pernil
É triste ver o Brasil
voltando ao mapa da fome
Um país adoecido
vai além da pandemia
não cabe na poesia
o quanto se tem sofrido
um cansaço estarrecido
um ambiente hostil
mais um que morre de frio
outra barriga a roncar
a fome achando lugar
é retrato do Brasil
muito desvalorizado
o sal do nosso suor
endereçado ao pior
o povo escravizado
tudo super faturado
o rico enricando mais
discrepâncias sociais
tributos sem repartir...
Mas se a gente se unir
Derruba esse Satanás
terça-feira, maio 24, 2022
cordel do enfrentamento
dentre os grupos oprimidos
a mulher tem um destaque
importante a ser sabido
são elas quem sofrem mais
e o intento desses Ais
precisa ser resolvido
Esses queixumes reais
são diversos e oportunos
uma luta de muitas frentes
com objetivos unos
promover a igualdade
respeito a diversidade
pra refazer esses rumos
As violências são muitas
que aqui vamos elencar
mas tem umas principais
que é importante citar
fiquem atentes, anotem
para poder recordar:
Física e psicológica
moral e sexual
também outra violência
é a patrimonial
e todas essas porém
podem vir juntas também
são faces e um mesmo mal
A lei reconhece 5
dos tipos de violência
e encontrando essa lógica
dos que tem mais prevalência
aquelas que de tão drásticas
querem tirar nossa essência
Mas são muitas violências
é diverso o patamar
tem alguma que cês lembram,
para poder elencar?...
Eu me recordo de uma
que é importante citar
A violência política
vemos muito por aí
mulheres que são eleitas
E alguns buscando impedir
Vejam Dilma, Marielle...
o que sofreram na pele
difícil de engolir
Essas violências todas
não são casos isolados
infelizmente esses casos
são cotidianizados
pela cultura machista
e o triste patriarcado
Somas de outras violências
Também a tantas ocorre
e múltiplos feminismos
da experiência decorrem
movimentos específicos
pelas mulheres incorrem
A lei a todas socorre
ou devia socorrer
a questão é que os entraves
culturais que a gente vê
atrasam essas demandas
do que a lei nos prevê
Quando se é negra ou indígena
Mulher cigana, ou sem teto,
vinda de comunidade,
tratada como objeto,
mulher lésbica ou trans,
algo "fora dos padrões"
do normativo espectro
O Estado também promove
violência contra a gente
a violência obstétrica
é um assunto presente
coerção policial
e a violência estatal
Pode vir do presidente
Quando a gente elege alguém
que exerce a misoginia
que tem o ódio as mulheres
de uma forma doentia
é provável que nos queiram
tirar direitos um dia
E é fato esse bilhete
tem exemplos por aqui
quando a extrema direita
passou a nos presidir
sempre querendo criar
formas de nos deletar
modos de nos destruir
"Jogo das identidades"
por lá é utilizado
mulheres anti-mulheres
são fantoches do Estado
e umas ministras sinistras
a enganar nossas vistas
são braços manipulados
São necessárias políticas
Que empoderem de fato
Que estejamos em cena
criando o nosso ato
Que possamos ocupar
Aqui e todo lugar
Sem veto nem desacato
A Lei Maria da Penha
foi uma grande conquista
mulher que quase foi morta
que se tornou ativista
pela vida das mulheres
por força que nos assista
Outras tantas são exemplos
Das lutas cotidianas
E as heroínas da pátria
Titulações soberanas
Dão luz à grandes mulheres
De lutas que se irmanam
Professoras, cientistas,
Compositoras, arteiras
Obstetras e parteiras
Mães, guerreiras e artistas
Tantas a perder de vista
Queriam elas caladas
Com sua força ofuscada
Mas foram protagonistas
Na poesia de cordel
Contei de modo geral
O que limita as mulheres
E a raiz desse mal
Que a gente possa lograr
De um tempo mais igual
Esmeralda Iara
quinta-feira, novembro 04, 2021
super Lua
Deusa que nos sobrevoa
No alto da minha loa
Leoa
Super lua
Lei que me toma louca
Quebrada prato de louça
Da arca velha de Rita
Super lua
Avó antiga, morada
No alto da minha casa
Me alça, me caça
Coruja que canta e rasga
Super lua
Meu coração é de quartzo
Rosa, dourado e de prata
Feito batuque de cria
Tamborilando na lata
Super lua
Onça que no céu impera
Madrinha comadre fera
Templo que gera
No remanso dessas águas
Tempo de espera
Diluindo nossas mágoas
Heroina
Guia dos enamorados
Caos da luminosidade
A rainha da cidade
Me invade
Super tua
Já não tenho mais segredos
Luz em todos os enredos
Os sonhos acesos
Super tua
Meu sangue meu cio meu eixo
Mutante espelho e amplexo
Me vejo
lapinha - mote de Ton Fil
Que o sopro vem povoar
Corpo templo desse ar
De poeira peregrina
Parte da essência divina
Que a natureza revela
Minha mão mexe e modela
Ao som de uma ladainha
Minha mãe monta a lapinha
Com o Santo que eu fiz pra ela
Observo e vou criando
Acho no barro esse elo
Várias imagens revelo
E assim vou admirando
Alguns eu vou floreando
Outros a face é singela
Cada imagem se desvela
Encontrando traço e linha
Minha mãe monta a lapinha
Com o santo que fiz pra ela
O louvor que tenho à Terra
Aprendi desde menino
Feito mestre Vitalino
Essa arte me aterra
Na silhueta da Serra
Uma impressão se avizinha
Pois vejo a face todinha
Dessa Grande Mãe tão bela
Com Santo que eu fiz pra ela
Minha mãe monta a lapinha
sábado, julho 03, 2021
Ave de fogo
Numa fogueira junina
São Pedro apazigua nossa chama
Com a chuva da mãe divina
Abre nossas portas
Molha nossas hortas
Nos guia...
Viva Xangô, viva São João
O Sabiá é feito uma fênix
Que renasce junto com a chuva
Com a relva que sonha
No fogo interno
Deste mês junino
Se aquece pra revoar
E cantigar
Feito pássaro livre
quarta-feira, junho 02, 2021
crônicas de quarentena 1
Pequena crônica de quarentena
“A rua é
alegria, mãe, a rua é esperança, a rua é brincar com os amigos”- disse a menina
Esmeralda de 5 anos caminhando a reta da avenida principal do Cajá em um misto
de raiva e amor. Foi um saudosismo empacotado, reclamando que a viseira e a
respiração embaçam sua vista. Disse ainda, antes de chegar ao destino e
querendo entender mais sobre o sítio emergente: “a casa é só uma caixinha bem
pequena... É chato. Queria liberdade.” – Completou com desejo a frase da emoção
inconclusa, e a conformação aparente flertou com uma possibilidade de comer
algum doce. Omar, o irmão mais novo, pega sempre a viseira como um cão pega a
coleira para passear; euforia aflita, com medo que seja um desses constantes
alarmes falsos em que somente um adulto sai para compras ou qualquer coisa, e
as crianças têm que se entreter com os conhecidos atrativos caseiros:
brinquedos, alimentos, lagartixas. Vi na notícia da net, dia desses, que o
velho Raoni Metuktire saiu do hospital, fiquei feliz. Professou: “a gente deve
estar junto, se amar e se respeitar, doença não marca dia”. Pensei que não foi
desta vez que a Onça veio buscar o compadre. Por cá também, ferido, inflamado,
alguma entranha sentida. Feridas fluidas que ora reacendem nos intestinos... Me
apeguei à cúrcuma, um amarelo-queimado que tinge tudo, ao picante gengibre, e
ao verde escuro e translúcido da Espinheira Santa, que feito a menina, é
Esmeralda. Ela é um pedra-verdinha que
sonha futuros andejos. Sonhou inda ontem um sonho de manhã, sendo uma vampira
pálida que aparecia no espelho, depois de se sonhar uma bruxa flutuante. Contou
no café que olhava fixo o reflexo, podia ser de água, “tipo um lago” ela falou.
– Filha, Lembra daquela lagartixa que parecia dragão-de-komôdo, que a gente
chamava de Tiranossaura... ela sumiu. Ouvi as vizinhas falando de um calango do
tamanho de um Teju que apareceu pelo sofá que elas deixaram por ali pelo
corredor. – “Porquê as vizinhas têm medo de lagartixas, mãe” curiosidade sobre
os medos. - O medo vem, Esmeralda, toma a gente sem motivo aparente. É a
dificuldade com a presença o outro em você. As lagartixas também têm medo da
gente, medo contagia.
Os pés das
crianças cresceram muito, quando foram sair depois de três meses não cabiam os
sapatos. Sonhei com os meus mortos, visitei velhas casas em sonhos, revi
ruinas, reconstruí uns castelos. Sonhei com o pai da minha amiga ressuscitando,
tinha raízes e ladrilhos em seu interior... – “Mãe, me faz uma barraca”. O nomadismo
parece estar em algum âmago da gente, emparelhando o essencial. Esmeralda gira
no centro da sala até achar o voo. A alma pede viagem, o corpo pede leveza, mas
o presente pede chão.
sábado, maio 22, 2021
Zé encantou-se
O céu aqui dessa mata
Pensei logo que era Zé
De maneira imediata
Em cortejo avoador
Em rastro de luz e cor
Pela paisagem de prata
Nesse metal de chuvisco
Um apito ressoava
No barbatuque dos raios
Que o tempo preparava
Pra receber o brincante
Que em seu vôo galante
Galopante se chegava
"Um capitão de verdade"
Disse outro mestre daqui
Subia tão alinhado
Dessa maneira que vi
Se brilho, fita ou bordado?
Transparecia um dourado...
Despido dessa matéria
Luzindo a beleza etéria
De um colorido encantado
A chuva comunicou
Quem em cortejo passava
Havia festa no céu
O Sol a chuva encontrava
Cá as raposas se uniam
Viúvas se despediam
Da viuvez pr'outo estado
A morte virava vida
E a ave renascida
Cantava já d'outro lado
quinta-feira, novembro 14, 2019
No caminho do mar tinha flor e cura
segunda-feira, setembro 30, 2019
Fluxo d'água corrente
Na foz do meu peito preso
Mora um grito excluído
Silencioso estampido
Calado parece ileso
De animal indefeso
Deu-se em fera encarcerada
Sob a lua enevoada
Sonha a ancestral serpente
Fluxo d'água corrente
Correnteza em retomada
Dou um grito de terror
Sofrendo a dor de outrxs tantos
Ouço os tambores dos Bantus
Aos ancestrais dou louvor
Encontro em mim o sabor
Que havia esquecido
Do genipapo moido
Uma memória que sente
Fluxo d'água corrente
Sob o veio ressequido
Queria encontrar alento
Em um colo ancestral
Uma força natural
Novamente achar intento
Mas parece que o momento
Me Impele à solitude
Sigo o som de um alaúde
Que guia em tom diferente
Tento ser resiliente
Achar no nada a virtude
Um rio reinventado
Passeia no meu trilhar
Círculo o mesmo lugar
Entre pedras o meu nado
Podia ser meu agrado
Lagoa sem movimento
Em cada peixe um lamento
Como se fosse pra gente
Fluxo d'água corrente
No despertar do momento
sexta-feira, agosto 09, 2019
ela
Na tarde que ela chegou
Estampiu-se ela de mim
Feito uma filha real
Uma outra a banhou
A trouxeram embrulhada
Silenciosa buscou-me
No sentido do seio
Estive acabada
Fui cortada ao meio
quinta-feira, fevereiro 21, 2019
Omar
Omar desceu girando do cosmo
Se esparramou entre as frutas da Ceasa
Com as marés nos olhos nos espumou como as bebidas curtidas
Sábio de antigos desertos
De certo um imã, um irmão
No nome o som da criação criança, da graça
Os lábios do doce das tâmaras místicas alucinadas do Saara
Canção de oásis seu peito
Solto entre as palmeiras que abanam o tempo
Pés nas alpargatas, nas areias, nas estrelas, nos passos, nos Caminhos, no claustro, nos abismos, na amplitude, no vôo
Gemido arabesco de pássaro
Omar retorna conosco, somos gratos
Honrados com a sua majestade simples
Dou-te o veludo do meu leite e colo trigueiro
Te aninha em mim, ave santa
És, junto á Esmeralda, o tesouro antigo
Que entre mistérios minou
Gemas sementes tomadas pelo sopro
Dois milagres
terça-feira, fevereiro 05, 2019
Casa
Faltam as palavras
no espelho distante
Cintila a louça do frágil
Cavalga a força solta
com a cria pelo mato
Na busca de chão
os ladrilhos resistentes e belos
Existe um elo apagado
Um pulso ancorado
Um grito embotado
Na minha casa brotou uma mata
Os espíritos de ferrão defendem a ruína
Por toda parte há estilhaço
Como se a casa estivesse nas entranhas
me habita uma borboleta de madeira com cheiro de chuva
Ouço dentro o som da panela que ampara essa goteira antiga
Ouço a louça frágil
Como uma guerra que findou
sem socorro
Com os olhos secos
A vista traga mormaço
O vento cisca as telhas
Esfrego as janelas
Casa assim é palavra difícil
Mata
Na minha casa cresceu uma mata
Enxames guardiões e aves
Venho pra essa casa
Mergulho sua essência
No quarto das armas Omar dorme
Busco me desarmar
Bosque de abundância
Medro entrar
terça-feira, junho 20, 2017
Houve um tempo
Ô linda, verde
Louvando a deus
A Mônica zen
O anjo da guarda
A luz entrando
[Pelos portais
Árvore roxa
Caminho do açudim
Vital, Veneza, Grossos
Os reis magos
Lapinha improvisada
O Tapete patch Work
Elefantes, cavalos, jacarés
Circo carro céu
Tucano da almofada
A mente cheia de estórias
Minha vida cinema casa
As madrugadas de terror
Amor cor som emoções
Carros no salão grande
Encontro os arabescos
As janelas e as paredes grossas
Teatro corpo grupal
Liberdade de sentir
Abrir as torneiras
O fim é o começo
Tranças chapéus
Quadriculando fogo
Houve um tempo
Em que era moça
Com cauda de peixe
Tinha estrelas azuis... e presentes
Houve um tempo que revivi
Antigos caboclos
De lanças, plumas e brilhos
Com os pés amarelos
No chão vermelho
E madeira negra
De cipó pendurado
Esse tempo preto
quinta-feira, maio 25, 2017
No tempo das ancestrais
No tempo das ancestrais
Esteios, raízes, sonhos
Flores, folhagens, banhos
Contos, cantos divinais
No tempo das ancestrais
Mosquiteiros e descansos
Patos galinhas e gansos
Terreiros, sítios, quintais
No tempo das ancestrais
Rezas, enfeites, anáguas
Rosas, ervas, bentas águas
Sincréticos rituais
Explanações cambiais
Sapiencias e saberes
Profecias e dizeres
Considerações, portais
No tempo das ancestrais
Curandeiras, benzedeiros
Boticários viajeiros
Frascos, perfumes astrais
No tempo das ancestrais
Goteiras em caçarolas
Recados e camisolas
Pecados originais
No tempo das ancestrais
Segredos, arcas, baús
Casas grandes, urubus
Amor de primos carnais
No tempo das ancestrais
Coisas de couro, couraças
Jabutis e carapaças
Jugos, preceitos morais
No tempo das ancestrais
Abanos de palha, esteiras
Gentes vendidas nas feiras
Poderes podres demais
No tempo das ancestrais
Tostões, cruzeiros, reais
Ouro, prata, vis metais
Castas, classes sociais
No tempo das ancestrais
Cruzadas e castidades
Hipocrisia, maldade
Fogueiras eclesiais
No tempo das ancestrais
Caminhos longos, assombros
Desconstruções e escombros
Peregrinações gerais
No tempo das ancestrais
Alma, espírito, lamento
Um despertar lamacento
Em regiões abissais
No tempo das ancestrais
Corpos, danças condoídas
Relatos de morte vida
Estórias de animais
No tempo das ancestrais
Algodão, linho e chita
Fazenda, linha e fita
Costura que se resfaz
No tempo das ancestrais
Luas, sóis, ciclos, janeiros
Ventos fortes e maneiros
Renascimentos, finais
domingo, janeiro 01, 2017
Salmo silvo
quarta-feira, agosto 20, 2014
Encontrada
média três kilos já tem
a sua saída
e a menina aprontada
já não se adianta
mas já se encontra
sexta-feira, agosto 01, 2014
leite
leite tem o gosto do primeiro gozo, primeiro contato, gosto de mãe.
mãe é coisa tão boa que mesmo sem lactose, sem leite e sem peito.
segunda-feira, julho 14, 2014
III
sábado, julho 27, 2013
gelos secos
domingo, julho 07, 2013
clenice-wood
(à mainha)
Toda a graça, legastes
O exemplo e a quimera
Força-luz que reverbera
Sentido têxtil da haste
Bandeira que encaminhastes
Fincada no chão que gera
Entre sol e primavera
Fostes encontro, e gerastes
És potente na cadência
Humana, flor de essência
Companheira que anima
Copa grata florescida
Mais que isso, agradecida
Parceira de canto e rima
thiago
que brincava de telejornal
que virava as cadeiras de balanço
que brincava comigo
menino de são joão
de rosário, de xangô
menino thiago mouro
menino thiago terno
da revolução riscada no quarto
da devolução do livro na biblioteca da faculdade
da disciplina de estudar só
tio thiago, thiago tio de sofia
namorado do namorado, da filosofia
amigo do ex, amigo do que não foi
sem barreira. thiago antigo
amigo que deita e cose
cozinha santa de calcanhar
domingo, maio 05, 2013
soneto solto pra irmã Natascha que foi morar no Rio de Janeiro
e um cheiro de chavo e canela,
Ciganinha vermelha e amarela
se transforma em amor e confiança,
se refaz e sorri feito criança,
que abundante deixastes alimento
pois o espelho transborda e revela
na verdade amorosa do olhar
tens a força das curas ancestrais
do encontro do rio com o mar
sexta-feira, novembro 23, 2012
pandora
Vi dizer que Pandora me adora