segunda-feira, junho 04, 2012

*ditas

as palavras de vapor adensam o gole
as molduras resvalam
a paisagem fixa

antes, as vossas verdades, de interior
sambando na vista, salvando a lavoura
melhorando a terra

com as palavras do vapor lavando o verde
sobrevoando a vida
verdadeiras
lágrimas

saudade

nas palavras da cidade alta
caixa d'água dentro cano parede
livrando

água mesmo das palavras do aroma
do paladar
de nadar
de escorrer

correm

lavrando tudo

zêlo das palavras cêdo
que vão de vôo
de livramento

sêde das palavras saborosas
de seda, saltitantes, sinuosas, soltas

da boca pra fora

salgadas de mar
saudavéis
simples

de olhos comovidos
e sílêncios sábios

mas as palavras vivas
parasitas da alma
cospem lama, cascas ôcas
crias críticas
saem roucas

poucas palavras
viram idéias
as vezes fixas

volta e meia lhe reviram
lhe dão voz

algozes, azia nublada
que sobe, adensa o gole

palavras de vapor voraz
desejosas, sangrentas
sanguinárias

sarnentas
cadavéricas
verídicas
violentas

violentadas
...