terça-feira, junho 20, 2017

Houve um tempo

Ô linda, verde
Louvando a deus
A Mônica zen
O anjo da guarda
A luz entrando
[Pelos portais
Árvore roxa
Caminho do açudim
Vital, Veneza, Grossos
Os reis magos
Lapinha improvisada
O Tapete patch Work
Elefantes, cavalos, jacarés
Circo carro céu
Tucano da almofada
A mente cheia de estórias
Minha vida cinema casa
As madrugadas de terror
Amor cor som emoções
Carros no salão grande
Encontro os arabescos
As janelas e as paredes grossas
Teatro corpo grupal
Liberdade de sentir
Abrir as torneiras
O fim é o começo
Tranças chapéus
Quadriculando fogo
Houve um tempo
Em que era moça
Com cauda de peixe
Tinha estrelas azuis... e presentes
Houve um tempo que revivi
Antigos caboclos
De lanças, plumas e brilhos
Com os pés amarelos
No chão vermelho
E madeira negra
De cipó pendurado
Esse tempo preto

quinta-feira, maio 25, 2017

No tempo das ancestrais

No tempo das ancestrais
Esteios, raízes, sonhos
Flores, folhagens, banhos
Contos, cantos divinais

No tempo das ancestrais
Mosquiteiros e descansos
Patos galinhas e gansos
Terreiros, sítios,  quintais

No tempo das ancestrais
Rezas, enfeites, anáguas
Rosas, ervas, bentas águas
Sincréticos rituais

Explanações cambiais
Sapiencias e saberes
Profecias e dizeres
Considerações, portais

No tempo das ancestrais
Curandeiras, benzedeiros
Boticários viajeiros
Frascos, perfumes astrais

No tempo das ancestrais
Goteiras em caçarolas
Recados e camisolas
Pecados originais

No tempo das ancestrais
Segredos, arcas, baús
Casas grandes, urubus
Amor de primos carnais

No tempo das ancestrais
Coisas de couro, couraças
Jabutis e carapaças
Jugos, preceitos morais

No tempo das ancestrais
Abanos de palha, esteiras
Gentes vendidas nas feiras
Poderes podres demais

No tempo das ancestrais
Tostões, cruzeiros, reais
Ouro, prata, vis metais
Castas, classes sociais

No tempo das ancestrais
Cruzadas e castidades
Hipocrisia,  maldade
Fogueiras eclesiais

No tempo das ancestrais
Caminhos longos, assombros
Desconstruções e escombros
Peregrinações gerais

No tempo das ancestrais
Alma, espírito,  lamento
Um despertar lamacento
Em regiões abissais

No tempo das ancestrais
Corpos, danças condoídas
Relatos de morte vida
Estórias de animais

No tempo das ancestrais
Algodão, linho e chita
Fazenda, linha e fita
Costura que se resfaz

No tempo das ancestrais
Luas, sóis, ciclos, janeiros
Ventos fortes e maneiros
Renascimentos, finais

domingo, janeiro 01, 2017

Salmo silvo

Quero um salmo
Que saia da minha boca fluidamente
Sem cerimónias e com muito som
Quero um salmo
Salmo que se expanda
Não se repreenda
Silvo de floresta
De capela e festa
De canção seresta
Quero que esse salmo me salve
Sem explicação
Que seja santo, salmo canto
Pranto alegre planto
Raiz nutrição
Salmo ameríndio
Simples comunhão
Salmo sorrateiro
Que se chega inteiro
Cor de cor ação
Salmo que me abrace
E a tudo enlace
Cheio em compaixão
Salmo que me cante
Que a tudo encante
Tempo inspiração
Não precisa rima 
Rica nem ser fina
Pode ser brejeira
Pó de capoeira
Mas vir verdadeira
Feito essa menina...
Quero esse salmo
Esse é meu segredo
Digo ao arvoredo
Esse simples salmo
Meu salmo de silvo