quinta-feira, março 06, 2008

laura das graças


laura maria do nascimento
o que é que voce fez comigo
isso não existe laura melo
isso não tem graça
isso não tem jeito

laura maria do nascimento
o que é que voce fez com o meu peito
está sangrando laura melo
sangue
voce não tem alma
laura zalma

laura maria do nascimento
voce arrobou o meu peito
com uma foiçada
e como ousa
laura sousa

laura maria do nascimento
porque voce me maltrata
me destrata
não me trata
estou doente, e voce nem se comove


laura maria do nascimento
voce nem me liga
nem finge que liga
voce não é amiga
a gente não briga
laura

voce me distrai (não bata palma laura zalma) me desfaz
quantos ais
aiaiaiaiaia...

- hahahahaahahahaha
não ria
laura maria

sua louca!

laura das graças.
ps: o desenho é da artista plástica laura melo sousamaria do nascimento zalma, pra quem improvisei essa letra.

a coruja e o cabrito

quando eu era criança
morava numa usina

lá moravam uma coruja e uma cabra

e eu tomava muito leite de cabra
porque a cabra tinha tido dois cabritinhos
um branquinho e outro marrom

mas o branquinho ela não quis não.

e amamentamos ele com leite de vaca
e ele ficou muito barrigudo
e a coruja - coitadinha -
boa mãe do jeito que ela era
querendo comida do jeito que ela queria
mirou:

- olha olha, que cabritinho mais roliço!

uh uh
aaaaah
aaaaaah
mérr méérrr
aaaaah
mééééérrrrrrrr


(dudu and yo###### 03 ou 04 de 2008 - sao paolo) .

terça-feira, março 04, 2008

resposta de mar ao polvo


olá,
bom... está cá em baixo o poeminha que acabei refazendo hoje, acho que ele até ficou com um fim mais bunito, mais filiz. fico mui grata pelas palavrinhas dialogantes do escrito mais recente que você me mandou, são importantes pro "irmão sol e pra irmã lua" do meu sentir e pra continuidade desse belo encontro.
e que a culpa fique sendo da culpa mesmo, pra que não nos (me) adoeça,
e num cuidado zêloso, caetaneando e velando o que jaz(z) e se transfosma em si (ou em qualquer outra nota).

abraço forte de chorosidade boa,

naíra


ps: hoje mainha tava lendo o livro de cordel de cora coralina e chorou lendo os poemas pra neruda.

eu tambem chorei bunito lendo outros antes de viajar, em cumbica... foi linda leitura de volta.



(resposta de mar a polvo)


tanto tentáculo o polvo tem
que confunde o outro

e a tudo ele toca
teclando
teclando

pianinho o polvo passa
cumprimentando de tato
pedra, coral e mar

e mergulha polvo
mar vermelho fluido e raiz
doado
mar que não tem forma própria
que se molda ao chão
(de areia pedra e coral)

mar uterino
que se molda ao polvo
a_conch(a)ega


o polvo tem tanto tentáculo
e mar se molda a cada um
amalgama
envolve

casúla

polvo solta tinta
pinta distinto quando medo
e colore o mar
(em segredo)

mar, que ama ser mar
vira chuva vez ou outra
transpira... chora
pra melhor lidar
com a fauna e flora
que em lá habita
e em todas as notas.


de tanto afago que tem
mar, a tudo que o transíta,
cansa
canções
cantigas
as vezes secas,
se encolhe
outras,
briga,
algo,
urrando
e cospe e grita
louco!

mas tudo isso mar faz de sábio,

pra não se caranguejear demais,
criar casca muito dura,
inibir cura.

só pra não virar mar morto
ficar muito salgado na vida

chove
fica docinho
com seus pajés-rios afluentes
influentes compadres comadres e afilhados.

ser concha sirí caranguê xié
e andar de lado, de dor
cheia de esoesqueletos
só pra ser mais elegante?!...

dá certo não.

é melhor pegar a tinta do polvo
gardar em si
e escrever uma carta de digestão
transcendendo a questão
de dó
de ré
de mi

ser sol,
mar evaporado
e arrecife pedregoso.


flor e salamandra.