terça-feira, julho 15, 2008

nascimento de chuva da tarde.


NAHINÃ
NAHINÃ
NAHINÃ
NAHINÃ
pingo de mel
menino
manhã de céu
estrela
gota por gota
pingo poeira
mormaço
antes da noite
aurora
vento de chuva
terna amarela
bate no chão...
NAHINÃ
NAHINÃ
NAHINÃ
NAHINÃ
prisma piá
calmando a luz
em arco-íris
Krishna jesus
chuva
-mirim
toró
-curumim.

terça-feira, julho 08, 2008

Betsabá


Eu gosto tanto dele
Que podia fagocita-lo
Engoli-lo, comê-lo mesmo
degluti-lo
Queria todo ele
Em seus não sei quantos quilos
Queria tê-lo
em pêlo
Sem todos os grilos
Mas que faço eu
Minha barriga é pequena e não o cabe
O meu útero é pequeno e não o cabe
E mesmo se grande fosse
Não cabe caber pedaço
Ensinou-me Salomão
Que a mãe verdadeira
Que ama maior
Quer ver o filho inteiro
E não a parte


29.nov.2006

sábado, junho 21, 2008

88888888



... um sentimento novo na geografia nova da cidade grande. eu, criança de passagem,
e de entusiasmo em experimentar, parcimoniosa, entretanto. com abertura de vento e água morna...

conhecendo aos poucos os índiozinhos da aldeia. um dia desses, de estrela na testa, q sai. e feito barco solto, ou louco de inicio de viagem aberta... que é protegido por anjo de guarda. minha anja se perdeu de mim de propósito porque eu tinha de ficar naventura, sem asa de anja de sombra própria. encontrei, então um índio sem nome da índia país e uma coruja-maromverdeazulcobalto, e eram çarungaua e sofia. tinha tamem o menino guma, era menino ainda mais q eu, usava uns óculos. redondo.

fazia frio, e um boto que marejava me emprestou uma camisa de gola, meio branca ostra por dentro, madreperolada, era uma camisa social. esse boto chamava eduardo. mas num inporta muito o nome de dizer...
desde, quando quero, me ilustro de ostra com a camisa em prestada. e tambem isso não importa muito tamem não. mais que a camisa, mais q o bardo mais q a brisa... importa a história toda. infinita síntese.

quarta-feira, junho 18, 2008

a dança das aves




eu não estou apaixonada não
só carente um pouco irmão
só querendo colo e chão...
só de frôzo só de funfunfê.
querendo brincar leve
me leve irmão
pra uma situação outra
em q não seja a outra não
q haja colo e chão
e onde haja sempre perdão
de irmão
entendimento e mão.

bem, só quero alguem,
q ame zem e sem condição.
que queira bem de leve
e de have metal

equilibrando o bem e o mal
(- em breve nos cinemas!)
frio de neve pra cobertor
a sala escura sem projetor
vivendo sul mais Este
(-sudeste
veste)
investe neste setor
pelicula de horror
o susto faz a ocasião
em traveling
mover de trem e sing
cantei sem mais
agora não tem mais não
e acabou-se o qu'era pão doce
queria tanto q fosse, pão
a continuação do fim
melado de alfinim
(-enjoo?) voou!

te gosto tanto pão
foi tudo tão depressa
(- o contato a conversa)
quando me vi ja tava vivendo
sem perguntar de tu
e quando vi tu tava tatu
(- é, é fato, eu tambem me tatuei)

mas era tanto pra te falar
que me faltava ar
e agora já não tem mais(?)
(- as vezes parece q estou em paz)
mas eram tantos ais
foi tudo tão depressa
(-o contato a conversa)

teu olho nuvem densa
tanta matéria pensa
tensa

e foi assim q me senti em casa
e dividindo a cama
coisa de quem se ama
te amo boy!

(- sinto saudade sua)

q agora já não tem mais.

segunda-feira, junho 02, 2008

revista lundu



carmem miranda
é uma guiné
chico buarque
chico xavier

sempre a meia noite
sempre a meia noite

a galinha d'angola
é uma guiné
saiu pela rua
saiu penada de lua
e quebrou o pé

sempre a meia noite
dancava afoxé

atravessado o mar
fui pra cuiabá
encontrei saci e peri
tomei suco de murici
fiz amigos bons lá do piauí.

atravessou o mar
com Yorubá
fez amigos de cambuci
se enfeitou com abacaxi
contou causo pra gente rir
aprendeu a fazer xixi em pé.

foi cinema novo que sussedeu
tinha tanto velho que já morreu

e pra iracema cantando lá
tomando jurema pra iemanjá...
fiz outro poema sem me lembrar...

todo mundo rema
tudo vai pro mar
era iracema
queu queria omar
era ira cema
era ita mar

ca ca caca ca ca caca

carregando pedra pra depois quebra...

tou fraco tô fraco

galinha do mato é mulher
de papua nova guiné
de angola guiné bissau
veio de sequestro naval
- tou passando mal!

e do banzo veio banzé
e depois regina cazé

eu só não virei esmolé
porque tenho muita fé.


fui de umbanda e de candomblé
fui cacique e fui pajé
de garrincha joguei pele
(maradona carlinhos bala
nunca mais que eu sai nessa ala)
gosto de cantar kinem macalé


todo mundo é samba canção
veio da costela de adão
todo mundo é meio mulher
jesus e maria e josé.


virei poliglota
lá no senegal

era goa e gana - gol!
e um grito de gal - gal!

joga bola de avental
- olha o alto astral!

e do banzo veio banzé
e depois regina cazé

todos tão no ciclo do açucar e do café
todos tão no ciclo
do açucar e do café.

no terreiro meu reso missa
louvo a santa paz da preguiça
cacarejo canto em coral
e toco um bethowem no berinbal...

e desse toré que debanda
somos vocalistas da banda
mas quem manda nesse lugar
é o canto do Sabiá!

ca ca caca ca ca caca

tou fraco tô fraco.

frei antônio do meninim


eu te agradeço
santo antoin do mininim
graça alcançada
santo antoin do mininim
nós demo certo
santo antoin do mininim
nós acentamo
santo antoin do mininim
foi tão bunito
santo antoin do mininim
nós dois se oiando
santo antoin do mininim
nos dois surrindo
santo antoin do mininim
de ureia a ureia
santo antoin do mininim

a lua meia
beijando o barro
cruzando o céu
santo antoin do mininin

fogeira acesa
esquenta a lua
da tua face
santo antoin do mininin
Meus dói aceso 
Acende o rubro
Da face dele
Santo Antoin do meninin

frei antoim da simpatia
frei antoim do esplendor
escutasse o queu dizia, frei Antoin
me trussesse meu amô

a lua meia
beijando o barro
cruzando o céu
santo antoin do mininim

meus ói aceso
acende o rubro
da face dele
santo antoin do mininim

frei antoim do encantamento
frei antoim dessa oração
aprendi com irmão vento, frei antoim
a ouvir meu coração

quinta-feira, março 06, 2008

laura das graças


laura maria do nascimento
o que é que voce fez comigo
isso não existe laura melo
isso não tem graça
isso não tem jeito

laura maria do nascimento
o que é que voce fez com o meu peito
está sangrando laura melo
sangue
voce não tem alma
laura zalma

laura maria do nascimento
voce arrobou o meu peito
com uma foiçada
e como ousa
laura sousa

laura maria do nascimento
porque voce me maltrata
me destrata
não me trata
estou doente, e voce nem se comove


laura maria do nascimento
voce nem me liga
nem finge que liga
voce não é amiga
a gente não briga
laura

voce me distrai (não bata palma laura zalma) me desfaz
quantos ais
aiaiaiaiaia...

- hahahahaahahahaha
não ria
laura maria

sua louca!

laura das graças.
ps: o desenho é da artista plástica laura melo sousamaria do nascimento zalma, pra quem improvisei essa letra.

a coruja e o cabrito

quando eu era criança
morava numa usina

lá moravam uma coruja e uma cabra

e eu tomava muito leite de cabra
porque a cabra tinha tido dois cabritinhos
um branquinho e outro marrom

mas o branquinho ela não quis não.

e amamentamos ele com leite de vaca
e ele ficou muito barrigudo
e a coruja - coitadinha -
boa mãe do jeito que ela era
querendo comida do jeito que ela queria
mirou:

- olha olha, que cabritinho mais roliço!

uh uh
aaaaah
aaaaaah
mérr méérrr
aaaaah
mééééérrrrrrrr


(dudu and yo###### 03 ou 04 de 2008 - sao paolo) .

terça-feira, março 04, 2008

resposta de mar ao polvo


olá,
bom... está cá em baixo o poeminha que acabei refazendo hoje, acho que ele até ficou com um fim mais bunito, mais filiz. fico mui grata pelas palavrinhas dialogantes do escrito mais recente que você me mandou, são importantes pro "irmão sol e pra irmã lua" do meu sentir e pra continuidade desse belo encontro.
e que a culpa fique sendo da culpa mesmo, pra que não nos (me) adoeça,
e num cuidado zêloso, caetaneando e velando o que jaz(z) e se transfosma em si (ou em qualquer outra nota).

abraço forte de chorosidade boa,

naíra


ps: hoje mainha tava lendo o livro de cordel de cora coralina e chorou lendo os poemas pra neruda.

eu tambem chorei bunito lendo outros antes de viajar, em cumbica... foi linda leitura de volta.



(resposta de mar a polvo)


tanto tentáculo o polvo tem
que confunde o outro

e a tudo ele toca
teclando
teclando

pianinho o polvo passa
cumprimentando de tato
pedra, coral e mar

e mergulha polvo
mar vermelho fluido e raiz
doado
mar que não tem forma própria
que se molda ao chão
(de areia pedra e coral)

mar uterino
que se molda ao polvo
a_conch(a)ega


o polvo tem tanto tentáculo
e mar se molda a cada um
amalgama
envolve

casúla

polvo solta tinta
pinta distinto quando medo
e colore o mar
(em segredo)

mar, que ama ser mar
vira chuva vez ou outra
transpira... chora
pra melhor lidar
com a fauna e flora
que em lá habita
e em todas as notas.


de tanto afago que tem
mar, a tudo que o transíta,
cansa
canções
cantigas
as vezes secas,
se encolhe
outras,
briga,
algo,
urrando
e cospe e grita
louco!

mas tudo isso mar faz de sábio,

pra não se caranguejear demais,
criar casca muito dura,
inibir cura.

só pra não virar mar morto
ficar muito salgado na vida

chove
fica docinho
com seus pajés-rios afluentes
influentes compadres comadres e afilhados.

ser concha sirí caranguê xié
e andar de lado, de dor
cheia de esoesqueletos
só pra ser mais elegante?!...

dá certo não.

é melhor pegar a tinta do polvo
gardar em si
e escrever uma carta de digestão
transcendendo a questão
de dó
de ré
de mi

ser sol,
mar evaporado
e arrecife pedregoso.


flor e salamandra.