quarta-feira, março 14, 2007

Quando Recife

Quando recife era criança
eu era talvez futuro
e a rua do futuro, talvez fosse algum brejinho
de indiozinho se alumbrando com a arquitetura natural
de pau nativo terra e molhado
dos ventos e inventos do além mar
Na vazante de uma rua do sol
a nado de nau e vela e a negro
uma rua nova
que mesmo que sobre urucum e fogo
trouxe progresso
rua nova nascendo
e eu nem novinha era ainda
Oh, linda
já mãe marim de Recife
de pernão Buco quebrava o mar
nascia em cima de morto, comércio porto.
instalavam-se ruas da moeda, da palma...
suada, revertidas moedas abstratas
da força e dos bens da terra
ai meu bom jesus, traz um caminho de mais sossego
ao menos uma rua, de sossego, de união
-e pediram e veio
E outro dia Recife se verticalizando alado
até quando?- perguntou o chão
e a rua do hospício nasceu no reverso
fazendo juízo no verso

na pauta


ai cristinho, qué queu faço com esse menino
me diz minha nossa senhora da conceição
seu coração é muito e seu olhar tão fino
que chega a agoniar meu vão.

ai meu rio são francisco
qué queu faço comigo
com esse meu umbigo
com esse meu apego
que as vezes aparece tanto cisco na vista
e esse rio querendo desaguar forte
mas tendo que ter tanto dedo.

ai que sorte bifurcada
alada e tão dada demais
de dois baços sem ter canto.

tem hora até,
queu me dou conta do exagero
e te desabraço e olho de lado
meio alto.

tenho na pauta
que devo trabalhar a tua falta.