quinta-feira, maio 25, 2017

No tempo das ancestrais

No tempo das ancestrais
Esteios, raízes, sonhos
Flores, folhagens, banhos
Contos, cantos divinais

No tempo das ancestrais
Mosquiteiros e descansos
Patos galinhas e gansos
Terreiros, sítios,  quintais

No tempo das ancestrais
Rezas, enfeites, anáguas
Rosas, ervas, bentas águas
Sincréticos rituais

Explanações cambiais
Sapiencias e saberes
Profecias e dizeres
Considerações, portais

No tempo das ancestrais
Curandeiras, benzedeiros
Boticários viajeiros
Frascos, perfumes astrais

No tempo das ancestrais
Goteiras em caçarolas
Recados e camisolas
Pecados originais

No tempo das ancestrais
Segredos, arcas, baús
Casas grandes, urubus
Amor de primos carnais

No tempo das ancestrais
Coisas de couro, couraças
Jabutis e carapaças
Jugos, preceitos morais

No tempo das ancestrais
Abanos de palha, esteiras
Gentes vendidas nas feiras
Poderes podres demais

No tempo das ancestrais
Tostões, cruzeiros, reais
Ouro, prata, vis metais
Castas, classes sociais

No tempo das ancestrais
Cruzadas e castidades
Hipocrisia,  maldade
Fogueiras eclesiais

No tempo das ancestrais
Caminhos longos, assombros
Desconstruções e escombros
Peregrinações gerais

No tempo das ancestrais
Alma, espírito,  lamento
Um despertar lamacento
Em regiões abissais

No tempo das ancestrais
Corpos, danças condoídas
Relatos de morte vida
Estórias de animais

No tempo das ancestrais
Algodão, linho e chita
Fazenda, linha e fita
Costura que se resfaz

No tempo das ancestrais
Luas, sóis, ciclos, janeiros
Ventos fortes e maneiros
Renascimentos, finais

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