terça-feira, janeiro 10, 2006

augusto dias




Seu Augusto, Augusto grande...
Que a poesia não retem-se à gola
Seu Augusto não coube em angola
Seu Augusto, quando olhou pra mim, de gesto sorriu...
E seu sorriso, de grande, não cabe num só Brasil...
Ele, um dia, falando de lugar, e da falta do seu lugar... Corrigiu-se...
- Nem Brasil nem Angola... Seu lugar era o mundo!
Mas penso eu, que o lugar mesmo,
Aquele de saudade, de infância, juventude e mãe; era mesmo a velha Angola... Das poesias publicadas em jornal, semanal, freqüentes...
E da mãe que a todas guardava, com orgulho natural de mãe...
Mãe de memória...
Talvez agora estejam juntos novamente
Talvez estejam juntos agora...
Ou Quem sabe da aurora, ele já ande amanhecendo em outro canto poraí, outro lugar, com outra mãe, outra cultura, reencarnando... Enfim... Não sei
Talvez inda esteja por aqui... Acompanhando...
A filha, a neta, seu amigo Tadeu... talvez
Sem o impedimento do corpo.
Rua da aurora
Foi nessa que o conheci
E já foi amor, o vi pela primeira vez no elevador...
Edifício... Difícil pra nos lidar com esses mistérios, com o que a gente não conhece...
Mas o que acontece, é que seu Augusto amava a vida, o amar, as pessoas...
Fiquei encantada, querendo ouvir, ver escrito...
Olhar no olho as paisagens de África
Sentir o soar dos ecos de Angola
Tudo isso seu Augusto tinha
Citando a mim os nomes dos poetas de sua terra, que ele há de ter tido o prazer em ter conhecido, contemporâneos... De idade, amizade... Amigos seus...
E eu citando os meus, do meu sertão de raiz e saudades, contemporâneos dos meus avós.
Era um poeta de métrica, mas não há métrica que o caiba.
Queria ainda rever seu alem mar
Tinha projetos, alunos, amor, e aqui, já foi além e transcender...
Tu, Seu Augusto Dias, não podias morrer!
Cabia ficar mais... Atravessar o mar.
Por que agora atravessar o véu? Que susto!
Será que o céu haverá de caber seu augusto?


(Recife, 12 de dezembro de 2005).