domingo, fevereiro 21, 2010

paranguaricotiromirruaro

Chamar é mar, é intenção fluida, não carece nome fixo. Minha avó sempre tá errando os nomes dos netos, e assim a gente tem que ir aprendendo a responder sendo o outro. A irmã o irmão a tia o pai a prima o primo o cachorro... Exercício antropológico belo. Ela, a vó, diz com 'idade', com ares sertanejos de ave mirante: "vocês me respondam quando eu chamar errado olhando". Ela é uma índia misturada e conhece o plantar e o colher, tem pomar dentro e entre os muros da casa da zona norte paulistana. Os passarinhos visitam a casa com intimidade. Ela briga com o cachorro como se arrancasse tocos da terra. Acordei no pouso. Ela tava cantando branco o assum-preto.

Guiné da Selva
13.jan.2010