segunda-feira, julho 14, 2014

III

Se o ciúme (novamente) é uma sombra clara
A insegurança sopra e se apodera
Sobra o assombro, e assim podera
Transformar a lombra numa flora rara
Se entre forma e máscara infinita e cara
Se entre um verso sinto e me calo outra
Fingindo o sons que me completam louca
Boca dissonância meu zumbido enterra
E desterrada, a vocalize erra
Nas incertezas das distâncias roucas.

Quem mais de musa que teu olho segue
Quem mais de verde o teu sentir ressoa
Se de reinado não temos corôa
Se de sedentos somos tuaregues
Somos relento, chuva que nos regue
Embriagados de nossos umbigos
Ambos tocando a toca do inimigo
Atrás de portas, chaves e espelhos
De ostras, mares, cartas e coelhos
Achamos cria que rogava abrigo.

Não quero um homem, infeliz, escuro
Atado e sério, cheio de segredos
Quero o mistério de abraçar os medos
Solver me água de infiltrar os muros
Sorver o sumo suculento e puro
Na madurez da terra embevecida
Na acidez da flora enrijecida
E saciar-me plena de inteireza
Em religare de intensa reza
Alma alagada, pele comovida.

És o orvalho que me desposou
Sou flor que dizes ser de Aldebarã
Nos encontramos e nasceu manhã
Pássaro raro que em mim pousou
És o valente que enfim ousou
Atravessar muralhas de espinhos
Nos encontramos entre a voz e o pinho
E o silêncio cio se atravessou
Já não importa mais se és ou sou
Só o que soma e que nos faz caminho.

Tantas passagens da existência adentro
Tantos encontros em diversas formas
Aberto o tempo, alegoria e norma
Casa, cuidado, coração, coentro
O nosso encontro nos veio pôr centro
Estou ciente que estamos certos
Em receber um ser tão mais esperto
Que ainda chega e tanto já ensina
Unindo opostos n’água feminina
Nos acordando à sonhar despertos.

Nenhum comentário: