São Pedro fechando o mês
Fazer então um poema
Como quisesse que junho
se expandisse ao ano inteiro
E Junho passou ligeiro
No tempo meu que tá lento
Junho passou avexado
Nesse friozinho de vento
Nem deu pra sentir o gosto
De tudo que junho traz
São Pedro fechando as portas
São Pedro mandando chuva
São Pedro ficando atrás
Sigo enrolada nas mantas
Como em junho prosseguisse
São Pedro na flor do cacto
São Pedro fruta da palma
São Pedro ainda mandando chuva
São Pedro fechando as portas
E o junho frio aquecendo
Dentro da casa da infância
Dentro da gente tecendo
São Pedro no fim de junho
Na vontade de café
Na vontade de comer
No Gengibre, na Hortelã
Milho, canela, açucar, cacau
São Pedro mandando chuva
La em cima abrindo as nuvens
Fechando as portas do tempo
As porteiras, os portões
Arrematando o que é denso
Nas bandeiras coloridas
Umedecendo os lamentos
Agua infiltrando paredes
O pedregulho, os telhados
Escorrendo pelas ruas
No meio fio, nos esgotos
São Pedro gavião de pedra
E lavandeira de água
No coração de São Pedro
Um cacibão no lagedo
São Pedro
São Pedro
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