quinta-feira, novembro 22, 2012

Salmo à escrita.


Esdras trabalha na livraria.

Só podia. Ser livreiro.

Há tempos escrevi umas cartas a ele.
Cartas de criança,
 de cristã,
 de Cristo.

Ele escreveu umas talvez
muito belas, bem escritas, de escritor...
Mas quardou todas para si.
Cada qual num canto...
Marcando livros,
preenchendo gavetas.

Mas é esse o sentido, não?!
Não me iludo, pois muito me serve todo conteúdo.
Quando a gente escreve é pra gente mesmo.

Pra melhorar nossa alma
No caminho do cinema...
Nossa projeção.
Poder expor na galeria da esquina
As linhas cruzadas e as rimas
Das sinas felinas
das palmas das mãos.
Sem preocupação.
Na calma da paz
da pós-explosão.

Sozinho, vizinho,no caminho
na linha,na caneta, na contra mão.

Quando a gente inventa é assim
pra nossa própria venta
ficar erguida.
Na frente do vento.
Desmedida.

Quando a gente
em paz velha e cotidiana
vai chupando cana
sem preocupação.

Quando a gente escreve e manda
demanda muita coisa
da vida zelosa.
Dádiva que se joga,
que se pisca.
Quando a gente risca
tudo se (des)entende ao pé da letra, à risca.
E não era nada daquilo no fim.
Gosto ruim, é o que fica, é o que acaba ficando
quando a palavra vem assim, com um fim, querendo resposta...

Demanda muito pantim, é uma bosta...
Mas depois acaba melhorando.



2010. Várzea.

3 comentários:

métrico; mas só as vezes. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ca-mila disse...

Adorei!

é uma bosta...
Mas depois acaba melhorando.

:)

Anaíra Mahin disse...

que massa que gostou, nunca sei se alguém lê... :)