domingo, novembro 11, 2012

minha flor



Minha flor tem grandes olhos negros castanhos tortuosos, tem o mistério e o humor bom da crisálida; dança e míngua, migra e volve... É um bichinho bonito, uma ave canela que tem bigode fino e sutis costeletas de canideo milagroso – de meu, magro redondo, dançarino jazz.

Flor formosa pelo amor nas repartições do espírito. É um mago dessas habitações aqui. Mira também; é lontra e tonto, roto golfinho e lobo do mar.

Novamente arriscou tocar meu barco.

Propuz certa âncora.

Nossos barcos surgem mais decentes, e a baleia cachalote se engraça deles. Minha flor surgiu tão mais belo, mais tinto e integro, fazendo propostas nos gestos, que aquela baleia não podia deixar de se engraçar de nós.

Suas histórias são lindas – mas acontece que a baleia é apenas uma invenção.

Não tarda e as velas vão se pondo em concavo, tremulam com os ventos dentro e os barcos movem pouquinho no entorno. Há uma elegânte dança na respiração do tempo.

As varas também tremulam, castas feito quem chora em milagre. A gente se olha como quem namora; todos percebem, a bobice é factual.

Ele chega fazendo sua imagem com os sapatos de bico e arqueando as sobrancelhas, e eu no meu corte de cabelo de homem medieval.

Flâmulas; de um lado a caveira de barbas e chapéu, e do outro a que é puramente branca.  As pobres bandeiras se entendendo unas na proa e no desterro; ressignificam nossas mortes constantes.

As gaivotas pequenas da graça reaparecem enquanto pedia pra ver e cheirar debaixo do braço dele, elas se põem no mastro com suas boas energias.

Em outros tempos não chegariamos a tanto.


Guiné da Selva
*da série peixes e ciganos.

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