Minha flor tem grandes olhos negros castanhos tortuosos, tem o mistério
e o humor bom da crisálida; dança e míngua, migra e volve... É um bichinho
bonito, uma ave canela que tem bigode fino e sutis costeletas de canideo
milagroso – de meu, magro redondo, dançarino jazz.
Flor formosa pelo amor nas repartições do espírito. É um mago dessas
habitações aqui. Mira também; é lontra e tonto, roto golfinho e lobo do mar.
Novamente arriscou tocar meu barco.
Propuz certa âncora.
Nossos barcos surgem mais decentes, e a baleia cachalote se engraça
deles. Minha flor surgiu tão mais belo, mais tinto e integro, fazendo propostas
nos gestos, que aquela baleia não podia deixar de se engraçar de nós.
Suas histórias são lindas – mas acontece que a baleia é apenas uma invenção.
Não tarda e as velas vão se pondo em concavo, tremulam com os ventos
dentro e os barcos movem pouquinho no entorno. Há uma elegânte dança na
respiração do tempo.
As varas também tremulam, castas feito quem chora em milagre. A gente se
olha como quem namora; todos percebem, a bobice é factual.
Ele chega fazendo sua imagem com os sapatos de bico e arqueando as
sobrancelhas, e eu no meu corte de cabelo de homem medieval.
Flâmulas; de um lado a caveira de barbas e chapéu, e do outro a que é
puramente branca. As pobres bandeiras se
entendendo unas na proa e no desterro; ressignificam nossas mortes constantes.
As gaivotas pequenas da graça reaparecem enquanto pedia pra ver e
cheirar debaixo do braço dele, elas se põem no mastro com suas boas energias.
Em outros tempos não chegariamos a tanto.
Guiné da Selva
*da série peixes e ciganos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário