segunda-feira, junho 30, 2025

são pedro

Vim fazer um poema junino
São Pedro fechando o mês
Fazer então um poema
Como quisesse que junho
se expandisse ao ano inteiro
E Junho passou ligeiro
No tempo meu que tá lento
Junho passou avexado
Nesse friozinho de vento 
Nem deu pra sentir o gosto
De tudo que junho traz
São Pedro fechando as portas
São Pedro mandando chuva
São Pedro ficando atrás 

Sigo enrolada nas mantas
Como em junho prosseguisse

São Pedro na flor do cacto
São Pedro fruta da palma
São Pedro mandando chuva

São Pedro fechando as portas
E o junho frio aquecendo
Dentro da casa da infância 
Dentro da gente tecendo

São Pedro no fim de junho
São Pedro e junho no fim

Na vontade de café
Na vontade de um cházim
No Gengibre, na Hortelã 
No milho,  no amendoim
canela, açucar, maçã 
Rapadura e alfinim

São Pedro mandando chuva
La em cima abrindo as nuvens
Fechando as portas do tempo

As porteiras, os portões
Arrematando o que é denso
Nas bandeiras coloridas
Umedecendo os lamentos
Agua infiltrando paredes
O pedregulho, a latada
Escorrendo pelas ruas
No meio fio, das calçadas

São Pedro gavião de pedra 
E lavandeira de água
No coração de São Pedro 
Um cacibão no lagedo

Antonio, São João, São Pedro







quinta-feira, junho 05, 2025

não quero ser a poeta triste

Não quero ser 
a poeta triste
que os outrxs 
reparam com pena

Quero a coragem
dos que sonham
E acreditam

Não quero 
um delírio-precipício 
Espatifado na queda

Quero a coragem
dos pés
Buscando o chão nutriz
Enraizando o sonho
Na terra

Eu quero a coragem
Dos que amam 
E profetizam
O amor
Na vera

Aqueles que fazem a hora
Que criam à história
Surfando os medos

Quero criar barcos
Pontes, e cafés bibliotecas
Lugares de conversa
De olhos
Nos olhos

Alimentar o analógico
O desplugado
Carregar-se do outro
Escuta, ombro, colo
Abraço 

Mãos dadas
Ciranda na praia
Banho de mar
Energia do Sol

Quero ser fresta
Onde estiver
Que esteja
bem firmemente encarnada
Pra trocar

Dar e receber
as narrativas 
do mundo
E o desmundo
Mundovirar