quarta-feira, agosto 06, 2025

quando a poesia some

Jornalismo que esconde a noticia
Em Defesa total do capital
Relegando à miséria abisal
Pobre e preto que é presa da polícia
Onde a ordem que impera é a milícia 
Onde ao ódio se faz apologia
"Pátria, Deus e familia"... Hipocrisia
Onde há filtros encobrindo verdade
Se o verso não traz criticidade
Para mim não existe poesia

A criança agradece ao soldado
Pela esmola que leva de farinha
Mais a frente no tempo vem a linha
De um tiro que agora lhe é dado
Um menino ali tão educado
Inocência comida em forma fria
É liberto da carne à revelia
Pela draga que é sem saciedade
Se o verso não traz criticidade
Para mim não existe poesia

Para mim o poema se desfaz
Se não há nesse verso um peito aberto
Nós devemos lutar pelo que é certo
Não apenas olhar o que lhe apraz 
Pensar só no umbigo, nada mais
É tão triste e dá muita agonia
Não somente pensar na sua cria
Toda cria merece caridade
Se o verso não traz criticidade 
Para mim não existe poesia

É poema pra mim cotidiano
Os exemplos que vemos solidários
Atos simples transcorrendo diários
Auxiliam viventes nesse plano
As garrafas jogadas no oceano
Suprimentos que trazem alegria
Gratidão por comer por mais um dia
Um mergulho no mar da amizade
Se o verso não traz criticidade
Para mim não existe poesia

Um poema se faz a cada instante 
Que a gente se abre pra sentir
Compaixão nos começa à conduzir 
Emoção que transborda e é constante
Se a gente de si está distante 
O silêncio deprime e tapa a via
Um poema entalado não se cria
Corpo soma toda toxidade
Se o verso não traz criticidade 
Para mim não existe poesia

Tantos versos ceifados sem refrão 
O silêncio ao horror dando lugar
A tendência é a gente se fechar
Ao sentir doloroso, dizer não
Encontrando pra isso uma razão
Relegando a rasura da grafia
Impotência dá canto à apatia
Ou descrê ou se apega a divindade
Se o verso não traz criticidade 
Para mim não existe poesia

É difícil escrever se a dor transpassa
A expressão é arreia a flutuar
Pés descalços buscando caminhar
Entre pedras e corpos se esgarça
A espera meada de desgraça 
Se expõe à oposta artilharia
Tremular esperanca, epifania
Frente à dura e fatal realidade
Se o verso não traz criticidade 
Para mim não existe poesia

segunda-feira, agosto 04, 2025

pendurado

Chuva nessa manhã amarela
de 4 de agosto
Pós feriado na vitória

Agosto de Deus

Manjericão parece vingar
Tempo incerto

Roupa no varal
E o tempo pendurado