as molduras resvalam
a paisagem fixa
antes, as vossas verdades, de interior
sambando na vista, salvando a lavoura
melhorando a terra
com as palavras do vapor lavando o verde
sobrevoando a vida
verdadeiras
lágrimas
saudade
nas palavras da cidade alta
caixa d'água dentro cano parede
livrando
água mesmo das palavras do aroma
do paladar
de nadar
de escorrer
correm
lavrando tudo
zêlo das palavras cêdo
que vão de vôo
de livramento
sêde das palavras saborosas
de seda, saltitantes, sinuosas, soltas
da boca pra fora
salgadas de mar
saudavéis
simples
de olhos comovidos
e sílêncios sábios
mas as palavras vivas
parasitas da alma
cospem lama, cascas ôcas
crias críticas
saem roucas
poucas palavras
viram idéias
as vezes fixas
volta e meia lhe reviram
lhe dão voz
algozes, azia nublada
que sobe, adensa o gole
palavras de vapor voraz
desejosas, sangrentas
sanguinárias
sarnentas
cadavéricas
verídicas
violentas
violentadas
...