
A menina é azul e cinza.
Pra baixo,
um jeans longo elástico marinho,
(riscado em linhas verticais finas demais).
Pra cima,
(como do horizonte subindo)
um moleton de mangas de capuz e ziper, (parece quentinho).
Ela escreve com nanquim,
o nanquim é da caneta que é cinza feito o agasalho.
O cabelo castanho ondula um pouco
acarinhando o pescoço quando mexe.
Ela parece o céu nublando,
mas tem uma meia lua bonita no rosto
e as sobrancelhas são como dois passarinhos voando de ponta cabeça.
O caderno que ela (ar)risca é florido e azul e celeste,
a sandália é velha,
deve saber muito dos caminhos
comunga com os pés num sexo tranquilo.
Ela, a moça,
é uma dança contida e densa,
como já disse, parece um céu, denso,
e que, em dança, goteja e estronda...
Tem força,
no infinito castanho que é ferramenta da visão,
como uma palestinazinha de granito.
(Recife, 25 de agosto de 2009)